10 cuidados essenciais com a saúde feminina
A população brasileira é formada em sua maioria por mulheres. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2019, 51,8% da população é composta por mulheres. Ainda assim, o cuidado com a saúde feminina é algo muito recente, com políticas e protocolos que passaram a existir há pouco mais de três décadas.
Quem trabalha na área da saúde sabe da importância de conscientizar seus pacientes sobre a importância de priorizar a própria qualidade de vida e bem-estar. Esse é o caminho para quem busca aumentar sua expectativa de vida e melhorar o seu dia a dia.
Confira a seguir 10 cuidados essenciais que suas pacientes mulheres precisam pôr em prática em relação à própria saúde.
1 – Priorizar a própria saúde e bem-estar
Infelizmente, muitas mulheres ainda enfrentam a realidade da dupla jornada ao trabalhar e cuidar da casa e da família. Esse ritmo de vida acaba deixando-as sobrecarregadas, sem tempo para si mesmas, e como bem se sabe o estresse é um importante fator de risco para problemas de saúde.
Mudar isso envolve algumas adaptações. Assim, para começar, é importante que a mulher consiga dividir suas responsabilidades com o (a) companheiro (a), filhos e demais pessoas do seu convívio diário. Ter em mente que ela não precisa dar conta de tudo sozinha vai ajudar a aliviar a pressão do seu cotidiano.
Além disso, também é preciso respeitar suas prioridades, impor limites e dizer “não” quando necessário. Isso pode ser colocado em prática ao evitar assumir novas responsabilidades no trabalho ou em casa para agradar terceiros. Se comprometer com tudo e com todos pode ser um caminho perigoso rumo ao burnout e demais problemas psiquiátricos.
É importante que a mulher consiga reservar um tempo para si. Muitas vezes, em meio a uma rotina corrida, é comum acabar se negligenciando. Para evitar que isso aconteça, não pode abrir mão de ter um tempo para se dedicar exclusivamente ao autocuidado, ainda que seja apenas durante uma hora por dia.
Esse é o momento para fazer as atividades que mais gosta, como ler, meditar, ouvir música, tomar um banho relaxante ou qualquer outra atividade na qual o foco seja exclusivamente em si própria.
2 – Conhecer o próprio corpo
Apesar dessa dica parecer óbvia, muita gente não conhece o próprio corpo. Nutrir esse tipo de conhecimento é uma ferramenta poderosa para identificar sinais que devem receber mais atenção.
No caso da mulher, isso pode ser ainda mais útil, pois ajuda a identificar fases e alterações corporais, como as do ciclo menstrual, da menopausa e até mesmo no caso de uma possível gravidez.
Conhecer o próprio corpo também ajuda na hora de fazer o autoexame de mama regularmente e para reconhecer sintomas diversos, como dores de cabeça, dificuldade para dormir, mudanças de peso, etc. Assim, fica mais fácil saber a hora certa de buscar ajuda médica quando algo não vai bem. É sempre válido ressaltar que o autocuidado envolve também a prevenção de doenças.
3 – Falar sobre sexualidade, paz parte do cuidado com a saúde feminina
Quando se fala em conhecer o próprio corpo, não dá para deixar de lado a questão da sexualidade. Essa é uma questão muito particular, vivenciada individualmente por cada uma. Isso não significa, no entanto, que não possa ser debatida como uma forma de buscar maior compreensão sobre ela.
A saúde sexual está diretamente conectada com a saúde integral de homens e mulheres, tanto para o corpo quanto para a mente. Mas ainda nos dias de hoje, é grande o número de mulheres que sabem pouco ou nada sobre a anatomia e o funcionamento do seu corpo.
Tabus, valores sociais e demais questões envolvendo sexualidade e gênero ainda têm muito impacto na forma como as mulheres encaram a própria sexualidade, o que as impede de conhecer e explorar o próprio corpo.
Tocar nesse assunto e buscar formas de se autoconhecer é fundamental para identificação dos pontos de prazer e exercício da sexualidade, e isso vale para mulheres de todas as idades.
No caso das adolescentes, por exemplo, o início da puberdade é marcado por muitas mudanças corporais, como nascimento de pêlos, aparecimento de espinhas e crescimento das mamas, entre muitas outras.
Tudo isso pode gerar muitas dúvidas e inseguranças, por isso é tão importante que a sexualidade seja tratada em uma comunicação objetiva e transparente com as meninas dessa idade, sem tabus.
Após a menopausa, as mulheres podem apresentar algum desconforto durante as relações sexuais, o que geralmente é uma consequência do hipoestrogenismo (quando os níveis de estrogênio estão abaixo do normal), que leva à hipotrofia dos tecidos genitais. Nestes casos, o uso de creme vaginal pode amenizar incômodos e favorecer o pleno exercício da sexualidade.
Como a sexualidade nessa etapa da vida é um tabu ainda maior, dificulta a busca de informação e superação de obstáculos em prol de uma vida sexual saudável e com qualidade nessa faixa etária.
4 – Comer de maneira saudável é um fator definitivo para manter a saúde feminina
A recomendação de uma alimentação balanceada é universal, e uma parte fundamental dos cuidados em prol da saúde feminina. A anatomia feminina geralmente possui uma tendência maior para acúmulo de gordura em certas partes do corpo, levando à formação de gordura localizada e ao aumento de taxas importantes, como a do colesterol.
Por conta disso, é importante aderir a uma alimentação equilibrada no dia a dia, visando a nutrição adequada. Nem sempre é preciso fazer uma dieta restritiva, mas vale a pena atentar para que todos os grupos nutricionais sejam contemplados em seu cotidiano.
Essa é uma forma de evitar a deficiência de determinadas vitaminas e demais componentes essenciais para o bom funcionamento do organismo.
5 – Proteger-se contra ISTs
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são problemas de saúde que podem ser causados por vírus, bactérias e outros microorganismos. São transmitidas principalmente por meio do contato sexual desprotegido, ou seja, sem o uso de preservativo (como as camisinhas masculina ou feminina) com uma pessoa que esteja infectada.
O uso de preservativos feminino ou masculino durante as relações sexuais é a forma mais segura de vivenciar a sexualidade de maneira plena e saudável. Serve também para evitar a gravidez.
As mulheres devem ser especialmente cuidadosas com relação às ISTs, pois em alguns casos seus sintomas podem ser facilmente confundidos com reações orgânicas comuns do seu organismo. Por isso é importante conhecer o próprio corpo e consultar um médico sempre que julgar necessário.
Quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, algumas ISTs podem evoluir e oferecer complicações graves, como a incapacidade de engravidar e até mesmo levar à morte. As principais doenças classificadas como ISTs são HIV, gonorreia, clamídia, HPV, sífilis, entre outras.
Ainda que existam vários métodos contraceptivos, o único método eficaz para prevenir a transmissão de ISTs é por meio da camisinha. Ambos os tipos (tanto a feminina quanto a masculina) podem ser retirados gratuitamente nas unidades de saúde.
6 – Realizar exames periodicamente
O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no sucesso do tratamento de diversas doenças. Para que isso seja possível, é preciso orientar suas pacientes sobre a relevância de fazer exames médicos regularmente.
O indicado é que ao menos uma vez ao ano façam exames importantes, entre eles o papanicolau (a partir dos 25 anos), que serve para rastreio do câncer de colo de útero. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres.
O câncer de mama é o segundo mais incidente no mundo, por isso também é preciso repetir a mamografia anualmente a partir dos 40 anos de idade.
Além desses, os exames laboratoriais também são de grande contribuição pois analisam o estado geral da paciente e auxiliam no diagnóstico precoce de doenças que ainda não tenham manifestado sintomas. Isso aumenta muito as chances de cura e ajuda a potencializar os tratamentos.
Os exames, geralmente, são: colesterol, ácido úrico, hemograma, triglicérides, vitamina D, TSH e outros. Eles avaliam a anemia, infecções, diabetes, risco cardíaco e outras patologias.
A frequência de realização dos exames pode variar de acordo com o seu estado de saúde e histórico familiar. No caso de mulheres adultas saudáveis, o check-up pode ser feito anualmente. Para pacientes diagnosticadas com doenças crônicas ou com fatores de risco para determinadas doenças, de 6 em 6 meses.
7 – Praticar atividades físicas regularmente ajuda a manter a saúde feminina
Outro hábito benéfico que deve fazer parte do cotidiano de toda mulher envolve a prática de atividades físicas. Segundo dados do último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 45,9% da população brasileira é sedentária. Entre as mulheres, a inatividade física é mais frequente: duas em cada três não se exercitam (66,6%).
Praticar exercícios físicos também faz parte dos cuidados para garantir o bem-estar físico, e oferece muitos outros benefícios. Entre eles, está o fato de ajudar na prevenção de doenças como hipertensão, diabetes, dislipidemia, doença coronariana e osteoporose. Todas essas doenças podem acometer as mulheres, principalmente no período pós-menopausa.
Além disso, diversos estudos apontam que a atividade física está relacionada à prevenção do câncer de mama. Sendo assim, conclui-se que uma vida ativa pode ser considerada um medicamento que atua tanto na prevenção quanto no tratamento dessas condições.
A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de praticar 30 minutos diários de atividade moderada, por 5 vezes na semana. Essa é uma maneira de fugir do sedentarismo, deixar o corpo mais saudável e ainda se prevenir contra algumas doenças.
8 – Abrir mão de hábitos prejudiciais
Uma vida saudável envolve muito mais do que cuidados com a alimentação e manter o corpo em movimento. Nada disso será o suficiente se sua paciente manter hábitos como fumar e abusar de outras substâncias, como álcool, medicações e outras drogas.
Esse tipo de hábito pode favorecer a formação de coágulos, o que é especialmente perigoso no caso das mulheres, que têm maior propensão a ter problemas como a trombose, por exemplo. Com uma mudança positiva no estilo de vida, é possível reduzir esses riscos e garantir mais disposição física e bem-estar.
9 – Cuidar também da saúde mental
A saúde mental é tão importante quanto a saúde física, e também exige certos cuidados. Transtornos psiquiátricos como depressão, síndrome do pânico e ansiedade generalizada são muito comuns em mulheres, devido à situação de vulnerabilidade que muitas se encontram.
Casos de violência doméstica ou de mulheres que são mãe solo, a manutenção de dupla ou tripla jornada de trabalho, a desvalorização no mercado de trabalho ou até mesmo a constante cobrança da sociedade para que as mulheres mantenham–se sempre jovens, magras e impecáveis podem ser alguns fatores que favorecem o surgimento desse tipo de problema de saúde.
Mulheres que apresentam sintomas referentes a alguns desses problemas de saúde devem procurar ajuda especializada. Identificar essas questões precocemente e buscar acolhimento de um profissional de saúde pode ser decisivo para garantir uma correta abordagem, de modo a devolver a qualidade de vida ao paciente.
No caso de mulheres idosas, é preciso redobrar os cuidados, considerando também a questão do isolamento social e transtornos emocionais relacionados à aposentadoria, à viuvez e às alterações fisiológicas, entre muitas outras condições que podem torná-las mais suscetíveis a problemas psiquiátricos.
Além dos sintomas de depressão, outros sinais que necessitam de atenção e cuidado são a insônia, altos níveis de estresse e transtornos alimentares. Fatores psicossociais e ambientais também podem estar relacionados à incidência dessas doenças.
10 – Buscar ajuda em caso de violência
A violência é um problema que pode afetar mulheres de todas as classes sociais, raças, etnias, faixas etárias e orientações sexuais. Pode se manifestar de diversas formas, como por meio de agressões físicas ou abusos morais, psicológicos, sexuais e até mesmo financeiros.
Essa é uma das principais formas de violação dos direitos humanos, pois coloca em risco a vida, saúde, integridade física e dignidade das mulheres. Pessoas nessa situação vivenciam situações de medo, baixa autoestima, perda da autonomia e fragilidade emocional.
Além do perigo à vida que as vítimas enfrentam, esses aspectos podem favorecer o desenvolvimento de quadros clínicos como depressão, síndrome do pânico, ansiedade e distúrbios psicossomáticos, entre outros.
Muitas vezes, devido aos sentimentos de vergonha e culpa, a mulher não se sente à vontade para abordar o assunto com amigos ou familiares, mas pode dar sinais ao seu médico de confiança e até pedir ajuda para sair dessa situação.
Ao identificar que uma de suas pacientes possa estar passando por alguma situação do tipo, faça um acolhimento e dê orientações a respeito do que pode ser feito, como um exame físico para coletar provas da violência, e a abertura de um boletim de ocorrência em uma unidade da delegacia da mulher.
Pessoas são seres bio-psico-sociais, e devem ser tratados como tal. Sua saúde não depende apenas de questões físicas ou fisiológicas, mas também do seu ritmo de vida e das condições em que vivem.
Por isso, todas as questões abordadas neste artigo devem receber igual atenção por parte de profissionais da saúde, de modo que possam avaliar o contexto como um todo e oferecer soluções que de fato possam fazer a diferença para a saúde dos seus pacientes.
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