Diverticulite: como identificar e quando procurar ajuda médica
Você já ouviu falar em diverticulite? Essa é uma condição que afeta o intestino grosso e pode provocar dores abdominais intensas, febre e alterações no funcionamento intestinal. Embora muitas vezes seja confundida com outros problemas digestivos, a diverticulite merece atenção, já que pode causar complicações sérias se não for diagnosticada e tratada corretamente.
O que é diverticulite?
A diverticulite é uma inflamação ou infecção de pequenas bolsas que podem se formar na parede do intestino grosso, chamadas divertículos.
Essas bolsas surgem com o envelhecimento e recebem o nome de diverticulose. Na maioria dos casos, a diverticulose não causa sintomas e passa despercebida. Porém, quando os divertículos inflamam, temos a diverticulite – condição que pode causar dor intensa, febre e complicações.
Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBPC), mais da metade das pessoas acima dos 60 anos apresenta diverticulose, mas apenas cerca de 20% desenvolvem diverticulite ao longo da vida.
Por que os divertículos se formam?
A formação dos divertículos é um processo multifatorial que envolve tanto o envelhecimento natural do corpo quanto os hábitos de vida. Em termos simples, os divertículos surgem quando a parede do intestino grosso sofre uma pressão interna elevada, levando à formação de pequenas bolsas que se projetam para fora. Mas o que provoca essa pressão aumentada?
Dieta pobre em fibras
Um dos principais motivos está na alimentação moderna, geralmente rica em alimentos ultraprocessados e pobre em frutas, verduras, legumes e grãos integrais. A falta de fibras deixa as fezes mais ressecadas e duras, exigindo maior esforço para a evacuação. Esse esforço extra aumenta a pressão dentro do intestino grosso, favorecendo o aparecimento dos divertículos.
Além disso, sem fibras, o trânsito intestinal se torna mais lento, prolongando o contato das fezes com a mucosa do cólon e sobrecarregando a parede intestinal.
Baixa ingestão de água
As fibras só exercem seu papel corretamente quando acompanhadas de líquidos. Sem água suficiente, as fibras não conseguem formar um bolo fecal macio, o que resulta em prisão de ventre. Esse ressecamento constante das fezes exige contrações mais intensas do intestino, aumentando o risco de pequenas protrusões na parede – os divertículos.
Esforço excessivo ao evacuar
Quando uma pessoa precisa fazer muita força para evacuar, a pressão sobre o cólon se eleva. Com o tempo, essa repetição enfraquece áreas da parede intestinal, que acabam cedendo e formando os divertículos. Esse é um dos motivos pelos quais a constipação crônica é tão associada à doença diverticular.
Envelhecimento natural do intestino
Com o avanço da idade, os tecidos do corpo perdem elasticidade e resistência – e o intestino não é exceção. A musculatura da parede intestinal fica mais fina e enfraquecida, tornando-se mais suscetível ao aparecimento dessas pequenas bolsas. Por isso, a diverticulose é mais comum a partir dos 50 anos, mesmo em pessoas que mantêm bons hábitos de vida.
Outros fatores que contribuem
Além dos pontos principais, existem ainda condições que podem acelerar a formação dos divertículos:
- Obesidade, que aumenta a pressão abdominal;
- Sedentarismo, que prejudica o funcionamento do intestino;
- Tabagismo, associado a inflamações no trato gastrointestinal;
- Histórico familiar, já que fatores genéticos também desempenham papel importante.
Sintomas da diverticulite
A diverticulite pode se manifestar de formas diferentes em cada pessoa, mas existe um sintoma clássico que merece destaque: a dor abdominal intensa e persistente. Essa dor, na maioria dos casos, se localiza no lado inferior esquerdo do abdômen, região onde os divertículos costumam aparecer com mais frequência.
Em algumas pessoas, no entanto, a dor pode se manifestar em outras áreas, especialmente do lado direito, o que pode gerar confusão com outras doenças abdominais.
Essa dor tende a ser contínua e não alivia facilmente com o uso de analgésicos comuns. Além disso, pode piorar após as refeições ou durante os episódios de constipação.
Mas a dor não é o único sinal de alerta. Outros sintomas importantes incluem:
- Febre e calafrios: sinais de que o corpo está reagindo a um processo inflamatório ou infeccioso.
- Náuseas e vômitos: decorrentes da inflamação intestinal e da dificuldade do intestino em funcionar normalmente.
- Alterações no hábito intestinal: tanto diarreia quanto prisão de ventre podem surgir durante uma crise.
- Inchaço abdominal e excesso de gases: desconfortos comuns que muitas vezes confundem o paciente, já que se parecem com sintomas de má digestão.
- Perda de apetite: consequência da dor e do mal-estar geral.
- Sangue nas fezes: pode estar presente, mas nem sempre é visível a olho nu. Muitas vezes, só é identificado em exames de sangue oculto nas fezes.
Como diferenciar de outros problemas?
Por se tratar de sintomas semelhantes a outras condições digestivas — como síndrome do intestino irritável, apendicite ou gastrite —, muitas pessoas demoram a procurar ajuda médica. Porém, a intensidade da dor, a presença de febre e as mudanças bruscas no funcionamento intestinal costumam ser indícios fortes da diverticulite.
Complicações possíveis
Quando não é tratada de forma adequada, a diverticulite pode evoluir para complicações graves, que exigem atendimento hospitalar imediato. Entre elas, destacam-se:
- Abscessos: pequenas bolsas de pus que se formam nos divertículos inflamados, podendo causar dor intensa, febre alta e infecção generalizada.
- Fístulas: comunicações anormais entre o intestino e outros órgãos, como a bexiga ou a vagina. Essas fístulas podem provocar infecções urinárias recorrentes e outros sintomas incomuns.
- Obstrução intestinal: ocorre quando a inflamação causa estreitamento ou bloqueio do cólon, impedindo a passagem de fezes e gases. Os sinais clássicos são dor abdominal intensa, distensão abdominal e ausência total de evacuação e eliminação de gases.
- Perfuração intestinal: situação de emergência em que o divertículo inflamado se rompe, liberando fezes e bactérias na cavidade abdominal. Isso pode levar à peritonite, uma infecção grave que exige cirurgia imediata.
Diagnóstico: como a diverticulite é identificada?
O diagnóstico exige uma combinação de avaliação clínica e exames complementares, já que, como mencionamos, seus sintomas podem se confundir com os de outras doenças abdominais, como apendicite, síndrome do intestino irritável, cálculos urinários ou até doenças ginecológicas.
Ao procurar atendimento, o médico seguirá alguns passos importantes:
Avaliação clínica e exame físico
O primeiro passo é ouvir o relato do paciente sobre os sintomas — dor abdominal, febre, alterações intestinais — e o tempo de duração deles. Em seguida, o médico realiza a palpação do abdômen para identificar o ponto de maior sensibilidade e descartar outras causas. Em casos de diverticulite, a dor costuma ser mais intensa no quadrante inferior esquerdo do abdômen.
Exames laboratoriais
- Exame de sangue: ajuda a identificar sinais de inflamação, como aumento de leucócitos (glóbulos brancos) e da proteína C-reativa (PCR).
- Exame de urina: pode ser solicitado para descartar infecção urinária, que apresenta sintomas semelhantes.
- Pesquisa de sangue oculto nas fezes: detecta pequenas quantidades de sangue que não são visíveis a olho nu, auxiliando na avaliação da gravidade.
Exames de imagem
A tomografia computadorizada é o padrão ouro para diagnosticar diverticulite. Esse exame fornece imagens detalhadas do abdômen e da pelve, permitindo:
- Confirmar a inflamação dos divertículos;
- Avaliar a extensão do processo inflamatório;
- Identificar complicações como abscessos, obstrução ou perfuração intestinal.
Em alguns casos, o médico pode solicitar outros exames de imagem, como ressonância magnética (especialmente em gestantes ou quando a tomografia não pode ser realizada) ou ultrassonografia abdominal, que pode detectar inflamação, embora seja menos precisa que a tomografia.
Colonoscopia: quando deve ser feita?
A colonoscopia é um exame que permite visualizar diretamente o interior do cólon, identificando divertículos, pólipos e outras alterações. No entanto, ela não deve ser realizada durante a fase aguda da diverticulite, pois há risco de perfuração intestinal.
O ideal é que o médico agende a colonoscopia algumas semanas após a recuperação da crise, para avaliar o estado do cólon, descartar câncer colorretal e verificar se há outras doenças associadas.
Tratamentos para a diverticulite
O tratamento d varia conforme a gravidade da inflamação e a presença ou não de complicações. Ele pode ir desde medidas simples em casa até procedimentos hospitalares complexos. O objetivo é sempre controlar a infecção, aliviar os sintomas e prevenir crises futuras.
Casos leves: tratamento domiciliar
A maioria dos pacientes apresenta um quadro leve de diverticulite, sem complicações, e pode ser tratada em casa com acompanhamento médico. As recomendações incluem:
- Repouso relativo: reduzir atividades físicas intensas para permitir a recuperação do corpo.
- Dieta líquida ou pastosa nos primeiros dias: inclui caldos, sopas, sucos coados e água, que reduzem a sobrecarga no intestino. Gradualmente, os alimentos sólidos são reintroduzidos.
- Antibióticos orais: ajudam a controlar a infecção bacteriana associada à diverticulite. O esquema varia de acordo com a orientação médica.
- Hidratação adequada: beber bastante água para evitar a desidratação e melhorar o trânsito intestinal.
- Uso de analgésicos e antiespasmódicos: quando necessário, para aliviar a dor abdominal e o desconforto.
A evolução costuma ser favorável, e os sintomas podem melhorar em poucos dias, desde que o paciente siga corretamente as orientações.
Casos moderados a graves: necessidade de internação
Quando o quadro é mais intenso — com dor abdominal severa, febre alta, vômitos persistentes ou sinais de complicações — pode ser necessária internação hospitalar. Nesses casos, o tratamento pode incluir:
- Antibióticos intravenosos: para combater a infecção de forma mais eficaz.
- Soro na veia: garante hidratação e aporte de nutrientes, especialmente se o paciente não consegue se alimentar.
- Jejum temporário: permite descanso completo do intestino, evitando piora da inflamação.
- Drenagem de abscessos: quando há acúmulo de pus, pode ser necessária uma drenagem guiada por tomografia ou ultrassonografia, evitando a progressão da infecção.
O tempo de internação depende da resposta ao tratamento e da gravidade do quadro.
Cirurgia: quando é indicada?
A cirurgia não é o tratamento inicial da diverticulite, mas pode se tornar necessária em situações específicas. As principais indicações incluem:
- Perfuração intestinal: quando o divertículo se rompe, liberando fezes e bactérias na cavidade abdominal (peritonite).
- Obstrução intestinal: bloqueio que impede a passagem de fezes e gases.
- Sangramento intestinal persistente: quando o sangramento não cessa com tratamento clínico.
- Crises recorrentes: pacientes que apresentam episódios frequentes de diverticulite, comprometendo a qualidade de vida.
- Complicações graves: como abscessos de difícil controle ou fístulas (comunicação anormal com outros órgãos).
Tipos de cirurgia
- Cirurgia de emergência: indicada em casos de perfuração ou obstrução grave, geralmente envolve a retirada do segmento do intestino afetado.
- Cirurgia eletiva (programada): recomendada para pacientes que sofrem crises repetidas, visando prevenir novos episódios. Pode ser feita por laparotomia (cirurgia aberta), laparoscopia (minimamente invasiva) ou, em alguns centros, por cirurgia robótica.
Prevenção: como evitar a diverticulite
Embora fatores como o envelhecimento e a predisposição genética não possam ser controlados, é possível adotar medidas simples no dia a dia para reduzir bastante o risco de desenvolver diverticulite ou de ter novas crises.
Aposte em uma dieta rica em fibras
As fibras alimentares são as grandes aliadas da saúde intestinal. Elas aumentam o volume e a maciez das fezes, facilitando a evacuação e reduzindo a pressão sobre a parede do intestino grosso — justamente o que previne a formação de divertículos.
Inclua no cardápio:
- Frutas frescas: mamão, laranja, maçã com casca, pera, ameixa.
- Verduras e legumes: couve, abóbora, cenoura, brócolis.
- Grãos integrais: arroz integral, aveia, quinoa.
- Leguminosas: feijão, lentilha, grão-de-bico.
👉 Importante: aumente o consumo de fibras aos poucos. Introduzir uma grande quantidade de uma vez pode causar gases e desconforto abdominal.

Hidrate-se bem
De nada adianta comer fibras se não houver água suficiente para ajudar na formação do bolo fecal. A recomendação geral é beber entre 1,5 e 2 litros de água por dia, podendo variar conforme idade, peso, clima e nível de atividade física. Chás claros e sucos naturais também ajudam, mas a água deve ser a principal fonte de hidratação.
Pratique atividades físicas regularmente
O exercício físico não é importante apenas para a saúde do coração e dos músculos: ele também estimula o funcionamento do intestino. Caminhadas diárias, ciclismo, natação e até exercícios de alongamento podem favorecer o trânsito intestinal e reduzir o risco de constipação.
Evite fumar
O tabagismo está associado a diversos problemas de saúde, incluindo inflamações no trato gastrointestinal. Além de aumentar o risco de diverticulite, fumar também está ligado a um pior prognóstico em quem já tem a doença.
Mantenha um peso saudável
O excesso de peso aumenta a pressão dentro da cavidade abdominal, favorecendo a formação e inflamação dos divertículos. Adotar uma alimentação equilibrada e praticar exercícios regularmente são estratégias fundamentais para controlar a obesidade e, ao mesmo tempo, prevenir crises.
Reduza o consumo de ultraprocessados
Alimentos ricos em gordura saturada, açúcar e aditivos químicos prejudicam o equilíbrio da flora intestinal. Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados, que além de nutritivos, são melhores para a saúde do cólon.
Cuidado com o álcool em excesso
Embora não seja um fator de risco direto, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas pode irritar o intestino e prejudicar o equilíbrio da microbiota intestinal, aumentando a chance de crises em pessoas predispostas.
A diverticulite é uma condição comum, mas que não deve ser negligenciada. Identificar os sintomas cedo e procurar ajuda médica faz toda a diferença para evitar complicações.
Lembre-se: a prevenção está, principalmente, no seu estilo de vida.
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