O ciúme e a sexualidade

O ciúme pode externar-se por meio de variadas formas de emoções como a ira, humilhação, ansiedade, tristeza, ódio, decepção e vergonha. Com elementos assim tão vagos e pessoais, o ciúme é um sentimento complexo, que desafia. A psiquiatria reconhece certas formas extremas de ciúme como um tipo de paranoia (distúrbio mental caracterizado por delírios de perseguição e pelo temor imaginário de a pessoa estar sendo vítima de conspiração). Aliás, parece próprio do ciúme estar sempre associado a alguma forma de medo ou insegurança. Tipicamente a pessoa ciumenta precisa de constante reafirmação de seu amor-próprio. Em geral ela desconfia de seu próprio valor e, por isso, tende a julgar que não é tão importante e nem bastante amada.O mais provável é que as duas classes de fatores – sociais e instintivos – possam determinar reações do ciúme. Nessa hipótese, a tendência ao ciúme seria impulso adormecido normal de toda pessoa. Mas a forma como a pessoa é educada tanto pode reduzir como também intensificar essa tendência.

O relacionamento sexual leva a um instinto de posse – posse do corpo, das atitudes e do pensamento da parceria. Quando existe a posse de algo se tenta esconder, não expor, não ser visto nem tocado por outros, principalmente se este outro for do mesmo sexo. As atitudes de ciúme levam, às vezes, a prejuízos físicos e psicológicos irreparáveis. O prejuízo da resposta sexual do casal estará sempre presente frente a atos de ciúmes intensos, que tira a liberdade do pensar e do agir do companheiro(a).

As mulheres são mais ciumentas?

O mito social leva a este pensamento, mas este julgamento talvez resulte de uma falsa interpretação dos fatos. Por exemplo, crimes passionais cometidos por mulheres ciumentas atraem muita atenção da sociedade. Isso pode sugerir que as mulheres estão mais sujeitas aos efeitos do ciúme. Mas, na realidade, entre cada dez homicídios cometidos por ciúme, apenas um ou dois são cometidos por mulheres. Também outro pensamento a favor de que as mulheres têm mais razões reais de ciúme é a ideia de que os homens são notoriamente infiéis. De outro lado, no casamento tradicional a situação da mulher é, tipicamente, de dependência material e moral. Dependência gera insegurança e insegurança gera ciúme. Segundo Eduardo Ferreira Santos, psiquiatra: “Geralmente o ciúme masculino é de caráter sexual enquanto o feminino tem características afetivas. O homem teme ser traído e nessa postura estão inseridos a posse, a exclusividade, o tabu da virgindade e outras marcas da nossa cultura. Por outro lado, o ciúme da mulher está ligado ao medo do homem se apaixonar por outra”.

A maioria dos psiquiatras diria hoje, que a diferença entre ciúme sadio e ciúme doentio é uma questão de grau e de interpretação pessoal. Alguns sugerem que o ciúme passa a ser doentio na medida em que chega a comprometer a satisfação de um relacionamento em diferentes aspectos: social, moral, sexual e emocional. Características de timidez e também relacionada com entrança.

O tratamento do ciúme doentio é possível. Se a origem do ciúme for algum sentimento de inferioridade e de insegurança básica da pessoa, é possível melhorar a confiança dela em si mesma através das técnicas de psicoterapia e mediante atitudes corretas de apoio afetivo no meio familiar. Uma vez reduzido o sentimento de insegurança, talvez ela consiga alívio para a aflição do ciúme. Só quem confia em si mesmo pode confiar em outros, de modo que parece lógico começar pelo fortalecimento da autoconfiança.

A relação entre amor-próprio e ciúme varia de um sexo para outro. Quando uma mulher é ciumenta, ela já se sentia insegura ao iniciar o relacionamento; isto é, tinha baixo autoconceito. Já entre homens é mais comum ocorrer o contrário: depois de uma situação causadora de ciúme ele começa a se sentir abalado no seu amor-próprio e passa a duvidar de suas qualidades.

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