Tratamento da Obesidade: A importância do conhecimento multidisciplinar

A obesidade é uma doença crônica, progressiva e multifatorial, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora frequentemente associada apenas à má alimentação ou ao sedentarismo, a obesidade envolve uma série de fatores que influenciam diretamente o ganho de peso.

Entre eles, estão desequilíbrios hormonais, alterações metabólicas, uso de medicamentos específicos, questões emocionais e até doenças autoimunes. Por isso, compreender a origem do problema e adotar uma abordagem de tratamento mais ampla e personalizada é essencial para alcançar resultados eficazes e sustentáveis.

A seguir, você vai entender como fatores muitas vezes negligenciados podem interferir diretamente no ganho de peso.

Obesidade no Brasil: números que reforçam a urgência do cuidado

Mais da metade da população brasileira já está acima do peso ideal. Segundo dados da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), 55,4% dos brasileiros apresentam excesso de peso, com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 25. Esse índice é um pouco maior entre os homens (57,1%) do que entre as mulheres (53,9%).

O levantamento também mostra que 19,8% da população vive com obesidade (IMC ≥ 30), sendo 18,7% entre os homens e 20,7% entre as mulheres. O crescimento ao longo dos anos é expressivo: entre 2006 e 2019, o número de brasileiros com obesidade aumentou 72%, passando de 11,8% para 20,3%.

Na infância e adolescência, os índices também preocupam. Estimativas do Ministério da Saúde e da OPAS apontam que 12,9% das crianças entre 5 e 9 anos e 7% dos adolescentes entre 12 e 17 anos já apresentam obesidade.

Obesidade em expansão: o que as projeções revelam até 2044

Diante dos dados atuais, fica evidente que a obesidade já representa um desafio de grandes proporções. Mas as estimativas para os próximos anos mostram que esse cenário pode se agravar ainda mais.

Segundo estudo apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO) 2024, realizado pela Federação Mundial de Obesidade, a tendência de crescimento segue acelerada. A projeção é de que, até 2044, quase metade da população adulta brasileira (48%) terá obesidade e outros 27% estarão com sobrepeso. Isso significa que três em cada quatro adultos no país viverão acima do peso nas próximas duas décadas.

A pesquisa, conduzida por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estimou também os impactos diretos dessa evolução nos índices de saúde pública. Caso o avanço continue nesse ritmo, o Brasil poderá registrar 130 milhões de pessoas acima do peso até 2044, com consequências significativas no aumento de doenças crônicas não transmissíveis.

Entre os principais agravos associados estão diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doença renal crônica, cirrose e alguns tipos de câncer. O modelo utilizado pelos pesquisadores aponta para a ocorrência de 10,9 milhões de novos casos dessas doenças nesse período, além de 1,2 milhão de mortes atribuíveis ao excesso de peso. Os dados também revelam que mais da metade dessas mortes ocorrerão entre os homens, com destaque para as doenças cardiovasculares, que devem representar cerca de 57% dos óbitos.

Com números tão expressivos, cresce também a necessidade de repensar a forma como essa condição é tratada.

Por que o tratamento da obesidade precisa ser multidisciplinar?

Tratar o excesso de peso e a obesidade com uma fórmula única é um dos maiores equívocos na abordagem clínica. O que funciona para uma pessoa pode ser ineficaz — ou até prejudicial — para outra. Por isso, o sucesso no tratamento depende de uma visão ampliada, que considere todos os aspectos que contribuem para o ganho e a manutenção do peso.

Para a Dra. Danielli Orletti, médica especializada em Nutrologia e Medicina do Estilo de Vida, o acompanhamento de pacientes com obesidade exige muito mais do que controlar calorias. Segundo ela, é esse olhar multidisciplinar que permite identificar a verdadeira origem do problema — e, sem ele, corre-se o risco de focar apenas nos sintomas, sem tratar as causas reais do ganho de peso.

Como doenças reumatológicas podem interferir no controle do peso e no tratamento da obesidade

Um bom exemplo da necessidade desse olhar ampliado é o impacto que algumas doenças crônicas e seus tratamentos podem ter sobre o peso corporal. Entre elas, destacam-se as doenças reumatológicas, como lúpus e artrite reumatoide, que exigem frequentemente o uso prolongado de corticoides.

Essas substâncias têm ação anti-inflamatória potente, mas também provocam uma série de efeitos metabólicos. Entre eles, estão o aumento do apetite, a retenção de líquidos e a redistribuição de gordura corporal. Esses efeitos podem levar ao aumento progressivo do peso, mesmo em pessoas sem histórico de obesidade.

Esse impacto é frequentemente observado na prática clínica. A Dra. Danielli Orletti comenta que muitos de seus pacientes com doenças reumatológicas, mesmo sem alterações hipotalâmicas ou comportamentais associadas à obesidade, acabam ganhando peso devido ao uso prolongado de corticoides.

Reconhecer esse tipo de variável desde o início permite personalizar o plano terapêutico de forma mais eficaz. Isso pode incluir ajustes na prescrição médica, orientações nutricionais específicas para amenizar os efeitos colaterais e um acompanhamento mais próximo e contínuo. Essa abordagem integrada favorece a adesão ao tratamento, reduz a sensação de culpa e melhora os resultados a longo prazo.

Conclusão

Em suma, o uso de corticoides ilustra como fatores menos visíveis — mas clinicamente relevantes — podem influenciar o sucesso do tratamento da obesidade. Quando identificados e conduzidos de forma adequada, esses desafios deixam de ser obstáculos e se transformam em pontos-chave para um cuidado mais completo e humanizado.

Encontre tudo para sua saúde e bem-estar em um só lugar!

Cuide da sua saúde e bem-estar com os melhores produtos! Na Farmadelivery, você encontra uma linha completa para fortalecer sua imunidade, manter sua rotina de cuidados e garantir mais qualidade de vida.

Posts Similares