Diabetes tipo 5: tudo sobre a nova classificação
O diabetes é uma das doenças crônicas mais desafiadoras do mundo moderno, com impacto em milhões de pessoas. Tradicionalmente, ele é dividido em tipo 1, tipo 2 e gestacional, além de outras formas menos conhecidas. Porém, em 2025, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) oficializou uma nova categoria: o diabetes tipo 5, também chamado de diabetes grave por deficiência de insulina (SIDD) ou diabetes relacionado à desnutrição.
Essa nova classificação é fruto de décadas de observação clínica e estudos que mostraram que nem todos os casos de diabetes se encaixavam nas categorias tradicionais. Por muito tempo, pessoas com diabetes tipo 5 foram erroneamente diagnosticadas como portadoras de tipo 1 ou 2. Hoje, sabe-se que se trata de uma condição distinta, com causas, sintomas e tratamento próprios.
O que é o diabetes tipo 5?
O diabetes tipo 5 é uma forma de diabetes causada por desnutrição crônica, geralmente ocorrida na infância ou adolescência, fases cruciais para o desenvolvimento do pâncreas.
A falta de nutrientes essenciais compromete a formação das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina. Como resultado, a capacidade de produção desse hormônio é severamente limitada.
O paciente com diabetes tipo 5 tem:
- Deficiência de insulina (como no tipo 1).
- Ausência de resistência à insulina (diferente do tipo 2).
- Produção residual de insulina, suficiente para evitar complicações graves imediatas, mas insuficiente para manter o equilíbrio glicêmico.
Essa distinção é fundamental: pessoas com tipo 5 não respondem bem a altas doses de insulina (como no tipo 1), mas podem se beneficiar de medicação oral e reabilitação nutricional.
Breve histórico
O reconhecimento do diabetes tipo 5 é recente, mas sua existência é descrita há décadas.
- 1950–1960: médicos começaram a notar casos de diabetes em jovens magros de países tropicais e pobres, que não se encaixavam no padrão de tipo 1 ou 2. A condição recebeu nomes como “diabetes tropical” e “diabetes tipo J”, em referência ao primeiro relato na Jamaica.
- 1985: a OMS reconheceu formalmente o “diabetes relacionado à desnutrição”, mas a classificação foi retirada em 1999, por falta de consenso científico.
- 2000 em diante: estudos liderados pelo Dra. Meredith Hawkins (Albert Einstein College of Medicine, EUA) trouxeram novas evidências de que se tratava de um tipo único de diabetes, com perfil metabólico próprio.
- 2025: a Federação Internacional de Diabetes (IDF), após revisar décadas de pesquisas, oficializou o diabetes tipo 5 como uma categoria distinta, anunciando também um grupo de trabalho para criar diretrizes globais de diagnóstico e tratamento.
Diferenças entre os tipos de diabetes
Tipo | Causa principal | Mecanismo | Quem é mais afetado | Tratamento |
---|---|---|---|---|
Tipo 1 | Doença autoimune | Destruição das células beta → ausência de insulina. | Crianças, adolescentes e jovens adultos. | Insulina obrigatória, dieta balanceada. |
Tipo 2 | Estilo de vida (obesidade, sedentarismo) | Resistência à insulina. Corpo produz, mas não usa adequadamente. | Adultos acima de 40 anos, com sobrepeso. | Mudança no estilo de vida, medicamentos orais, insulina em fases avançadas. |
Tipo 5 (SIDD) | Desnutrição crônica | Baixa produção de insulina por deficiência no desenvolvimento pancreático. Não há resistência. | Jovens magros, especialmente em países pobres. | Reabilitação nutricional, medicamentos orais, insulina em doses reduzidas. |
👉 Resumindo:
- Tipo 1 = ausência de insulina.
- Tipo 2 = insulina em excesso, mas com resistência.
- Tipo 5 = produção limitada de insulina, sem resistência.
Sintomas do diabetes tipo 5
O quadro clínico do diabetes tipo 5 costuma se manifestar em indivíduos jovens e magros, sendo caracterizado por uma hiperglicemia persistente.
Diferentemente do que ocorre no diabetes tipo 1, esses pacientes geralmente não apresentam sinais de cetoacidose, mesmo quando os níveis de glicose estão bastante elevados. Os sintomas clássicos do diabetes — como poliúria, polidipsia, perda de peso e fraqueza — estão presentes, mas tendem a surgir de maneira gradual e progressiva, o que pode atrasar o diagnóstico.
Outro ponto relevante é a resposta limitada à insulinoterapia tradicional: quando aplicada em doses semelhantes às utilizadas no tratamento do DM1, há maior risco de episódios de hipoglicemia grave, reforçando a necessidade de uma abordagem terapêutica diferenciada para esse grupo de pacientes.
Diagnóstico
Identificar corretamente o tipo 5 é um dos maiores desafios da medicina atual. Muitos casos ainda são rotulados como tipo 1.
Os exames mais relevantes incluem:
- Peptídeo C: mede a reserva de insulina. No tipo 5, ainda existe produção, embora insuficiente.
- Anticorpos contra células beta: ausentes no tipo 5 (presentes no tipo 1).
- Avaliação clínica: histórico de desnutrição, corpo muito magro, diagnóstico em jovens adultos.
- Exames laboratoriais: hiperglicemia persistente sem sinais de resistência à insulina.

Tratamento do diabetes tipo 5
O manejo do diabetes tipo 5 exige uma abordagem diferenciada:
Reabilitação nutricional
O passo mais importante é corrigir as deficiências nutricionais:
- Proteínas de alto valor biológico.
- Carboidratos complexos para energia.
- Micronutrientes como zinco, ferro, vitamina D e vitaminas do complexo B.
- Eletrólitos essenciais.
Sem a reestruturação da dieta, o controle glicêmico se torna ainda mais difícil.
Insulina em doses reduzidas
Pode ser necessária em alguns casos, mas geralmente em doses menores do que no tipo 1.
Acompanhamento multiprofissional
O suporte de endocrinologistas, nutricionistas e programas de saúde pública é fundamental para oferecer um cuidado completo.
Quem é mais afetado pelo diabetes tipo 5?
O diabetes tipo 5 afeta principalmente homens jovens e magros, geralmente com menos de 30 anos, além de populações rurais que vivem em países de baixa e média renda. A condição está fortemente associada a histórico de desnutrição crônica e é mais prevalente em regiões marcadas pela insegurança alimentar, como Índia, Etiópia, Nigéria, Uganda e também em algumas áreas da América Latina.
De acordo com estimativas da Federação Internacional de Diabetes (IDF), entre 20 e 25 milhões de pessoas no mundo convivem com esse tipo de diabetes, embora especialistas acreditem que o número real seja ainda maior devido ao subdiagnóstico e à falta de reconhecimento da doença em décadas anterior
Complicações possíveis
Assim como ocorre nos outros tipos de diabetes, o diabetes tipo 5 também pode gerar complicações graves quando não há controle adequado da glicemia. Entre elas estão as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, a retinopatia diabética, que compromete a visão, a nefropatia, relacionada a danos nos rins, e a neuropatia periférica, que afeta os nervos e pode causar dor, formigamento e perda de sensibilidade.
Além disso, os pacientes apresentam maior vulnerabilidade a infecções, o que compromete ainda mais a qualidade de vida. O diferencial é que, por atingir principalmente populações em situação de vulnerabilidade social, o diabetes tipo 5 está frequentemente associado a diagnóstico tardio e tratamento limitado, fatores que elevam significativamente o risco e a gravidade dessas complicações.
Conclusão
O diabetes tipo 5 (SIDD) é uma condição distinta, causada pela desnutrição crônica e caracterizada por baixa produção de insulina sem resistência à insulina. Durante décadas, foi confundido com os tipos 1 e 2, o que levou a diagnósticos incorretos e tratamentos ineficazes.
Agora, com o reconhecimento oficial da Federação Internacional de Diabetes (IDF), pacientes, médicos e sistemas de saúde podem avançar para uma abordagem mais precisa, eficaz e inclusiva.
Mais do que uma nova categoria, o diabetes tipo 5 representa um alerta para a importância da nutrição na infância e da equidade no acesso à saúde. Entender e tratar essa condição é um passo essencial para reduzir desigualdades e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas no mundo.
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